K-Halla: “O teatro é essencial pra minha drag”

Dança, teatro, circo. Não para por aí. Cachorro, coelho e gato. Ou ainda, se você preferir, caipirinha, espumante e gin. Conheça um pouco de K-Halla, sua vida, sua trajetória artística e seu talento natural para a multiplicidade

Por Marcellus Araújo

Todas as facetas artísticas de Bruno Coeli fazem de K-Halla “uma drag muito teatral”, como ele mesmo define. Há dez anos se dedicando às artes, deu vida à sua drag a partir de 2018, “ou 2019, um negócio assim”. Mas a falta de certezas fica só nisso, porque K-Hallla parece saber muito bem quem é, o que faz, e os caminhos que percorre pra ser uma drag que alcança o coração das pessoas com suas performances.

Nessa entrevista, ela fala de como surgiu, de quem é a pessoa por trás da montação, da necessidade de valorização dos artistas locais, de respeito às trajetórias de cada artista, da importância do público para quem é artista (e a falta que ele tem feito durante a pandemia de Covid-19), e sobretudo, de trabalho, muito trabalho.

Foto_ Anderson Morais @andersonmoraisfotografo
Foto: Anderson Morais

Distrito drag – Quem é a pessoa por trás da K-halla? 

K-Halla – É o Bruno Coelli, um artista de Brasília, ator, dançarino, professor, coreógrafo, performer, dragqueen. Bruno está nas artes desde 2011, este ano faz 10 anos que estou nesse meio das artes, tentando colocar um pouco do meu brilho nesse quadradinho. Hoje vejo que estou muito mais ativo na arte do que antigamente. Antes eu dependia muito das pessoas, agora tô vendo que tô colocando minha cara mais a tapa pra projetos meus. Bruno é um professor, pai de cinco gatos, duas cachorras e uma coelha. É casado com um artista circense maravilhoso, e falando nisso, Bruno também começou a entrar no circo, então se preparem porque vai ter K-Halla fazendo números circenses, sim!

DD – Como ela surgiu, e de onde veio esse nome?

K-Halla – São histórias não confirmadas ainda, sem registros históricos, nada verídico. Existem duas possibilidades. A primeira vem da minha infância, de quando eu era muito novinho, e ficava ouvindo música, imaginando que eu fazia shows. Eu tinha na minha cabeça que era uma cantora que tinha várias turnês pelo mundo. Entrava nos sites dos estádios e via os que tinham mais capacidade de público, montava a turnê,  escrevia tudo, fazia agenda dela! Ficava brincando no meu quarto, em casa. Tinha uma playlist das músicas que eu mais gostava e ficava performando, e eu fiz isso durante muito tempo. Então, há boatos que ela surge daí. Mas também existe o fato que potencializa o surgimento da K-Halla, que foi quando eu comecei a dançar no balé da Wow na Victoria Haus, em 2018. Ou era 2019, um negócio assim. Aí comecei a fazer show com as drags como dançarino, e dentro dos shows eu conseguia direcionar as meninas quando elas pediam ajuda, e aquilo me deixava muito animado. Depois, eu e meu companheiro tivemos uma oportunidade de montar uma drag, Logo depois disso, que foi muito divertido, ele me sugeriu montarmos drag, e eu disse que não queria ser reconhecida como drag. Hoje minha língua pagou, hoje sou drag queen e tamo aí trabalhando como drag queen! Meu nome não tem nada de pagar de diva. As pessoas falavam que eu era muito parecido com um indiano, com o ator que fez As Aventuras de Pi. E quando eu estava pensando na minha drag, me veio Bollywood, e aí nesse momento eu vi em algum momento alguém falando “halla” com aquele sotaque, e eu adorei. Então eu pensei: vai ser Halla! Mas ainda tava pouco, drag tem que ter nome e sobrenome. Então o nome vai ser… peraí que eu vou escolher no alfabeto.. e coloquei K, e aí ficou, e eu adorei K-Halla. Óbvio que no início eu fiquei tentando me acostumar, mas sempre é assim, quando a gente monta a nossa drag, até que o nome esteja na boca do povo, mas depois que a galera pegou mesmo, ficou e hoje eu sou a K-Halla. É isso!

Foto: Lainha Loiola

DD – Qual a origem do nome da sua drag?

K-Halla – São histórias não confirmadas ainda, sem registros históricos, nada verídico. Existem duas possibilidades. A primeira vem da minha infância, de quando eu era muito novinho, e ficava ouvindo música, imaginando que eu fazia shows. Eu tinha na minha cabeça que era uma cantora que tinha várias turnês pelo mundo. Entrava nos sites dos estádios e via os que tinham mais capacidade de público, montava a turnê, escrevia tudo, fazia agenda dela! Ficava brincando no meu quarto, em casa. Tinha uma playlist das músicas que eu mais gostava e ficava performando, e eu fiz isso durante muito tempo. Então ,há boatos que ela surge daí. Mas também existe o fato que potencializa o surgimento da K-Halla, que foi quando eu comecei a dançar no balé da Wow na Victoria Haus, em 2018. Ou era 2019, um negócio assim. Aí comecei a fazer show com as drags como dançarino, e dentro dos shows eu conseguia direcionar as meninas quando elas pediam ajuda, e aquilo me deixava muito animado. Depois, eu e meu companheiro tivemos uma oportunidade de montar uma drag, Logo depois disso, que foi muito divertido, ele me sugeriu montarmos drag, e eu disse que não queria ser reconhecida como drag. Hoje minha língua pagou, hoje sou drag queen e tamo aí trabalhando como drag queen! Meu nome não tem nada de pagar de diva. As pessoas falavam que eu era muito parecido com um indiano, com o ator que fez As Aventuras de Pi. E quando eu estava pensando na minha drag, me veio Bollywood, e aí nesse momento eu vi em algum momento alguém falando “halla” com aquele sotaque, e eu adorei. Então eu pensei: vai ser Halla! Mas ainda tava pouco, drag tem que ter nome e sobrenome. Então o nome vai ser… peraí que eu vou escolher no alfabeto.. e coloquei K, e aí ficou, e eu adorei K-Halla. Óbvio que no início eu fiquei tentando me acostumar, mas sempre é assim, quando a gente monta a nossa drag, até que o nome esteja na boca do povo, mas depois que a galera pegou mesmo, ficou e hoje eu sou a K-Halla. É isso!

 

DD – Qual é o papel da dança para a sua drag?

K-Halla – É uma forma de expressão, de compreender o meu corpo. A dança faz com que a gente tenha consciência de tudo o que a gente faz, de toda movimentação. Não só pra drag, mas também pro teatro. A dança me facilita muito a entender o que eu consigo fazer ali no momento, desde o que é marcado até o que é improviso, saber o que eu posso fazer, onde começa um movimento e termina. Se eu for fazer um número, eu vou pensar em cada movimento, pra onde eu vou, e se no dia da performance, se eu for reproduzir movimentos que já estão dentro de mim, com consciência, eu consigo brincar, improvisar, mantendo uma linha. Ela me direciona bastante dentro de uma performance. É muito importante um artista fazer outras áreas além da sua. Um ator hoje em dia tem que saber atuar, cantar e dançar. A gente tem que ir atrás pra estudar sobre. Cada coisa vai auxiliando aos poucos o que você quer.

DD – Estudar Artes Cênicas te levou para a arte drag, ou o caminho foi diferente? 

K-Halla – Foi diferente! Eu comecei a fazer Artes Cênicas mas nunca pensei em montar drag durante o curso. Houve uma possibilidade de fazer uma disciplina de montagem de drag, mas eu não quis participar na época. Eu me tornei drag depois, mas não foi nessa intenção. Foi por outro motivo que a minha drag veio. Porém, o teatro é essencial pra minha drag, então eu agradeço muito por ter feito a faculdade de teatro, porque hoje eu vejo que a minha drag é super teatro, as performances acessam lugares que eu não poderia habitar dentro do teatro, e eu poderia brincar com uma drag. Então, por exemplo, se eu for fazer um musical, como Bruno, eu não vou poder fazer uma música que eu gosto muito de uma personagem feminina. Mas com a minha drag, eu consigo fazer essa personagem, essa música, e isso é muito interessante pra mim. Então, o rolê de estudar Artes Cênicas veio antes, e a drag veio em outra circunstância.

Foto: Shake It

DD – O que mais te motiva em ser uma artista drag?

K-Halla – É poder fazer algo que mexe bastante comigo, como uma música que me move, e eu consigo transmitir aquilo que eu sinto dentro dessa minha performance pro meu público. Pode ser pra uma pessoa, pode ser pra todo mundo. Eu acho que o que importa é você alimentar o coraçãozinho de uma pessoa ali, com a sua arte, na plateia. Saber que quando eu termino o show, uma pessoa muito aleatória, que não seja amiga minha, chega pra mim e fala “K-Halla… caraca, véi, que apresentação foi aquela? Eu fiquei arrepiado, fiquei vidrado”, sabe? Esse momento é o que mais me motiva a continuar, em que eu acredito na minha potência como artista e que eu posso chegar em mais pessoas. O que me motiva é eu poder transmitir aquilo o que eu mais amo fazer e deixar pras pessoas que aquilo é algo muito importante pra mim, e que elas vejam isso na minha performance, no que eu estou propondo.

 

DD – O que é mais importante pra você, como artista, hoje?

K-Halla – Mostrar pras pessoas o respeito com o artista. Antes de qualquer coisa, a gente tem uma preparação, a gente estuda, tem todo o rolê. Pra mim é muito importante que as pessoas entendam o que é ser um artista, no quesito de respeitar. Se você vai chamar um artista para uma apresentação, trate esse artista como um artista. Não fique valorizando só os de fora. Valorize os que estão aqui, que estão fazendo o seu entretenimento, porque aqueles que estão lá fora estão fazendo pra galera lá fora. E saber que a nossa arte pode ser levada pra qualquer lugar. Hoje em dia estou em um patamar em que eu consigo expandir mais meus horizontes. Óbvio que quando a gente começa, fica naquele lugar de não ter pra onde ir, de fazer o que dá pra fazer. Mas ao longo do tempo isso vai mudando, e você vai entender a sua potência, onde você consegue se elevar, e levar a sua arte para outros cantos. Hoje eu faço a minha arte aqui, mas também faço pra outros lugares. Ter respeito aos artistas. Cada um tem a sua particularidade, cada um tem sua essência.

Foto: Lainha Loiola

DD – Como a pandemia afeta o seu trabalho?

K-Halla – A pandemia afeta tudo, né? A gente, que trabalha com público. É online, é via vídeo? É. Então é assim que a gente tem que trabalhar e dar o nosso melhor nisso. No começo da pandemia, não fiquei me cobrando muito pra produzir. Teve um momento que eu entendi que eu não ia quebrar minha cabeça antes de entender o que eu quero fazer, pra depois começar. Tive que me reinventar, fazer algumas lives com algumas performances. A gente tem que trabalhar com o que a gente tem. A pandemia atingiu muitos artistas. E quando a pandemia passar, pode ter certeza que vai ter muita drag pra se apresentar! Produtores, paguem bem Vamos valorizar as artistes! Obrigada!

 

DD – Qual a sua bebida preferida?

K-Halla – Eu adorei essa pergunta, mas eu não sei responder, porque vai de Lua, gente. Mas quer conquistar a K-Halla? Chega com uma caipirinha bem docinha, e vai me dar, e aí ela vai ficar muito contente. Mas, pós-pandemia, eu já tô em outra vibe, eu aprendi outros drinks, porque a gente bebe em casa, vai aprendendo outros rolês. Hoje eu tô mais viciada num espumante. Mas fico louca igual. Se quiser ir pra boate, quer dar uma bebida pra drag? Caipirinha ou espumante. Ou gin, que eu também adoro. Adoro uma Skol Beats vermelha, que é a minha cor! Adoro beber tudo!

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